Preso em Minhas Próprias Teias
Fic publicada originalmente para o aniversário do Peixinho em 09/06/2006 no ff.net. Vamos aos devidos créditos. Música Incidental "Era um Lobisomem Juvenil" do Legião Urbana e o nome Carlo di Angelis para designar o Máscara da Morte é criação da Pipe.
O aniversário de Afrodite estava chegando. Máscara da Morte andava em seu templo de um lado para o outro como um leão enjaulado. Não sabia bem o que fazer, não sabia o que pensar, enfim não sabia nada...
- Que merda! Eu me odeio! Não, eu odeio o Afrodite!
Deu um soco na parede. Uma enorme rachadura se somou as outras e um filete de sangue escorreu em sua mão. Pouco importava. Nada importava, nada, a não ser ele.
Eu nunca seria belo como ele, nunca seria culto como ele, nunca seria refinado como ele, nunca seria veado como ele, mas nunca deixaria de gostar dele. Isso me fazia mal. Eu pensava em mim, pensava nos outros, pensava em minha família, via como outros que tiveram mais coragem que eu sofriam.
Ele sempre me dizia que eu era um covarde, e eu... Tolo, truculento, queria bater, queria xingar, queria machucar, mas só conseguia virar as costas e sair, numa concordância muda. Eu realmente sou o machão mais gay e covarde de todo o universo.
Meu aniversário estava chegando e eu não ganharia o maior de todos os presentes, eu não o ganharia. Já tentei de tudo, já tentei seduzir, já tentei humilhar, já tentei conversar. Você sabia que estava certo. Eu sempre soube que você me queria, mas se encasulou, se enraizou nas teias de seu próprio preconceito de tal forma que agora não conseguia se soltar de maneira nenhuma, não conseguia ou não queria. Covarde!
Afrodite despedaçou mais uma rosa vermelha que havia criado com seu cosmo. A cada momento sua indignação aumentava e suas rosas iam ficando mais e mais vermelhas.
Eu sabia o que eu queria, eu sabia o que sentia, eu sabia o que procurava, mas não estava certo. Não era certo, não havia motivo ou justificativa que tornasse meus desejos corretos. De onde eu tirara tanto preconceito? De mim mesmo! E eu aprendia da pior maneira possível como era duro e perigoso este pequeno e mortal sentimento chamado preconceito.
Meu cosmo estava inflado de indignação, de medo e angústia. Ninguém teve coragem de chegar perto, a não ser ele. A bichinha do Santuário era mais macho que qualquer um deles e teve coragem de ir até mim. Com uma rosa na mão, batom nos lábios, chinelos floridos, colocou a porta de meu templo abaixo e entrou!
-Carlo di Angelis, agora você vai me ouvir!
Eu senti, eu vi o cosmo dele quase destruindo tudo a sua volta e a ele mesmo. Eu não poderia deixar isso acontecer. Eu o amava, apesar de tudo, ou seria apesar de nada.
Eu entrei. Coloquei a porta abaixo. Gritei. Agora ele teria que me ouvir. Eu sabia que ele tinha razões muito fortes para agir como agia. Mas era a minha última tentativa de mostrar a verdade e salvar a beleza daquele amor diferente. Eu também tinha as minhas razões.
- Será que você não percebe? Talvez passemos coisas ruins, mas estaremos juntos. Junto com quem se ama tudo fica fácil. Tudo fica simples. Perdoe a você mesmo e se permita ser feliz.
- Como poderei ser feliz, se não saberia te fazer feliz?
- Não?
Ele não falou muito, nem falou claramente, mas foi como uma luz começasse, de forma bem tênue, a iluminar as trevas que eu me encontrava. E, quando finalmente pude perber onde me encontrava, vi que estava a beira do abismo e, na beira do abismo, a única maneira de se andar para frente, é dando um passo atrás. Assim, simples assim, mas tão difícil ao mesmo tempo. Era como parar de beber, ou parar de fumar. Idéias simples, de execução pesarosa. Não falei nada. Não compreendia. Mas sabia e queria e isto bastava. Dei um passo a frente, em direção a ele. Não posso dizer se caí no abismo ou me afastei dele, mas vou viver um dia após o outro. Naquele momento, eu só queria aquele corpo em meus braços. Só isso. Nada mais, nada menos.
Ele deu o primeiro passo, o primeiro passo em minha direção. Eu apenas fiquei esperando. Já tinha dito tudo que tinha a dizer, durante muito tempo. Agora, eu apenas estava ali esperando. E ele deu o primeiro passo, depois o segundo e percorreu toda a distância que o separava de mim. Pequenos dois ou três passos, muitas vezes, são mais difíceis e penosos de se percorrer que milhares de quilômetros sob o sol escaldante do deserto. E este era o deserto dele. Que ele teria que percorrer sozinho. E ele o fez. Me abraçou, mudo, em gesto, em seu abraço ele disse tudo que queria dizer e não sabia como.
De repente eu estava com ele em meus braços. E fora tão simples. E era tão prazeroso. E estava em silêncio apreciando a minha conquista sobre mim mesmo, como um doente que consegue finalmente se livrar de um câncer. E eu me livrei do meu câncer, do meu preconceito. Agora eu estava livre, estava leve. Comecei a rir. Era tudo tão simples e eu complicando, complicando, complicando...
- Você tinha razão. É tão simples... porém é difícil, é como nascer, lindo, belo, simples, mas é impossível que aconteça sem dor.
Eu queria cantar, eu queria pular, eu queria literalmente soltar a franga, mas apenas fiquei a seu lado, aconchegado no meu abraço. Porque os braços eram deles, mas o abraço era meu. Eu havia conquistado o direito de estar naquele abraço. Ele era meu. E veio no tempo certo. Veio no dia certo. Veio na hora certa. Eu queria um presente. Eu merecia um presente. Era meu aniversário, mas quem deu o presente fui eu. Dei o que tinha de mais precioso. A chave do meu coração!
Preso em minhas próprias teias
O aniversário de Afrodite estava chegando. Máscara da Morte andava em seu templo de um lado para o outro como um leão enjaulado. Não sabia bem o que fazer, não sabia o que pensar, enfim não sabia nada...
- Que merda! Eu me odeio! Não, eu odeio o Afrodite!
Deu um soco na parede. Uma enorme rachadura se somou as outras e um filete de sangue escorreu em sua mão. Pouco importava. Nada importava, nada, a não ser ele.
Luz e Sentido e Palavra
Palavra é que o coração não pensa
Ontem faltou água
Anteontem faltou luz
Teve torcida gritando
Quando a luz voltou
Não falo como você fala
Mas vejo bem o que você me diz
Palavra é que o coração não pensa
Ontem faltou água
Anteontem faltou luz
Teve torcida gritando
Quando a luz voltou
Não falo como você fala
Mas vejo bem o que você me diz
Ele sempre me dizia que eu era um covarde, e eu... Tolo, truculento, queria bater, queria xingar, queria machucar, mas só conseguia virar as costas e sair, numa concordância muda. Eu realmente sou o machão mais gay e covarde de todo o universo.
Se o mundo é mesmo parecido com o que vejo
Prefiro acreditar no mundo do meu jeito
E você estava esperando voar
Mas como chegar até as nuvens com os pés no chão
Prefiro acreditar no mundo do meu jeito
E você estava esperando voar
Mas como chegar até as nuvens com os pés no chão
Afrodite despedaçou mais uma rosa vermelha que havia criado com seu cosmo. A cada momento sua indignação aumentava e suas rosas iam ficando mais e mais vermelhas.
Sinto muitas vezes faz sentido
E Outras vezes não descubro o motivo
Que me explique o porque é
Que não consigo ver sentido
No que sinto, que procuro
Que desejo, que faz parte do meu mundo
E Outras vezes não descubro o motivo
Que me explique o porque é
Que não consigo ver sentido
No que sinto, que procuro
Que desejo, que faz parte do meu mundo
Eu sabia o que eu queria, eu sabia o que sentia, eu sabia o que procurava, mas não estava certo. Não era certo, não havia motivo ou justificativa que tornasse meus desejos corretos. De onde eu tirara tanto preconceito? De mim mesmo! E eu aprendia da pior maneira possível como era duro e perigoso este pequeno e mortal sentimento chamado preconceito.
Meu cosmo estava inflado de indignação, de medo e angústia. Ninguém teve coragem de chegar perto, a não ser ele. A bichinha do Santuário era mais macho que qualquer um deles e teve coragem de ir até mim. Com uma rosa na mão, batom nos lábios, chinelos floridos, colocou a porta de meu templo abaixo e entrou!
-Carlo di Angelis, agora você vai me ouvir!
O arco-iris têm sete cores
E fui juiz supremo
Vai vem embora
Volta
Todos têm, todos têm
Suas próprias razões
E fui juiz supremo
Vai vem embora
Volta
Todos têm, todos têm
Suas próprias razões
Eu senti, eu vi o cosmo dele quase destruindo tudo a sua volta e a ele mesmo. Eu não poderia deixar isso acontecer. Eu o amava, apesar de tudo, ou seria apesar de nada.
Eu entrei. Coloquei a porta abaixo. Gritei. Agora ele teria que me ouvir. Eu sabia que ele tinha razões muito fortes para agir como agia. Mas era a minha última tentativa de mostrar a verdade e salvar a beleza daquele amor diferente. Eu também tinha as minhas razões.
- Será que você não percebe? Talvez passemos coisas ruins, mas estaremos juntos. Junto com quem se ama tudo fica fácil. Tudo fica simples. Perdoe a você mesmo e se permita ser feliz.
- Como poderei ser feliz, se não saberia te fazer feliz?
- Não?
Qual foi a semente que você plantou
Tudo acontece ao mesmo tempo
Nem eu menos sei direito
O que está acontecendo
E daí de hoje em diante
Todo dia vai ser o dia mais importante
Tudo acontece ao mesmo tempo
Nem eu menos sei direito
O que está acontecendo
E daí de hoje em diante
Todo dia vai ser o dia mais importante
Ele não falou muito, nem falou claramente, mas foi como uma luz começasse, de forma bem tênue, a iluminar as trevas que eu me encontrava. E, quando finalmente pude perber onde me encontrava, vi que estava a beira do abismo e, na beira do abismo, a única maneira de se andar para frente, é dando um passo atrás. Assim, simples assim, mas tão difícil ao mesmo tempo. Era como parar de beber, ou parar de fumar. Idéias simples, de execução pesarosa. Não falei nada. Não compreendia. Mas sabia e queria e isto bastava. Dei um passo a frente, em direção a ele. Não posso dizer se caí no abismo ou me afastei dele, mas vou viver um dia após o outro. Naquele momento, eu só queria aquele corpo em meus braços. Só isso. Nada mais, nada menos.
Se você quiser alguém pra ser só seu
É só não se esquecer estarei aqui
Se você quiser alguém pra ser só seu
É só não se esquecer estarei aqui
É só não se esquecer estarei aqui
Se você quiser alguém pra ser só seu
É só não se esquecer estarei aqui
Ele deu o primeiro passo, o primeiro passo em minha direção. Eu apenas fiquei esperando. Já tinha dito tudo que tinha a dizer, durante muito tempo. Agora, eu apenas estava ali esperando. E ele deu o primeiro passo, depois o segundo e percorreu toda a distância que o separava de mim. Pequenos dois ou três passos, muitas vezes, são mais difíceis e penosos de se percorrer que milhares de quilômetros sob o sol escaldante do deserto. E este era o deserto dele. Que ele teria que percorrer sozinho. E ele o fez. Me abraçou, mudo, em gesto, em seu abraço ele disse tudo que queria dizer e não sabia como.
Digo nada espero o vendaval passar
Por enquanto eu não sei o você me falou
Que me fez rir e pensar
Porque estou tão preocupado
Por estar tão preocupado assim
Por enquanto eu não sei o você me falou
Que me fez rir e pensar
Porque estou tão preocupado
Por estar tão preocupado assim
De repente eu estava com ele em meus braços. E fora tão simples. E era tão prazeroso. E estava em silêncio apreciando a minha conquista sobre mim mesmo, como um doente que consegue finalmente se livrar de um câncer. E eu me livrei do meu câncer, do meu preconceito. Agora eu estava livre, estava leve. Comecei a rir. Era tudo tão simples e eu complicando, complicando, complicando...
- Você tinha razão. É tão simples... porém é difícil, é como nascer, lindo, belo, simples, mas é impossível que aconteça sem dor.
Mesmo se eu cantasse todas as canções
Todas as canções, todas as canções
Todas as canções do mundo
Sou bicho do mato, mais...
Se você quiser alguém pra ser só seu
É só não se esquecer estarei aqui
Se você quiser alguém pra ser só seu
É só não se esquecer estarei aqui
Ou então não terás jamais
A chave do meu coração...
Todas as canções, todas as canções
Todas as canções do mundo
Sou bicho do mato, mais...
Se você quiser alguém pra ser só seu
É só não se esquecer estarei aqui
Se você quiser alguém pra ser só seu
É só não se esquecer estarei aqui
Ou então não terás jamais
A chave do meu coração...
Eu queria cantar, eu queria pular, eu queria literalmente soltar a franga, mas apenas fiquei a seu lado, aconchegado no meu abraço. Porque os braços eram deles, mas o abraço era meu. Eu havia conquistado o direito de estar naquele abraço. Ele era meu. E veio no tempo certo. Veio no dia certo. Veio na hora certa. Eu queria um presente. Eu merecia um presente. Era meu aniversário, mas quem deu o presente fui eu. Dei o que tinha de mais precioso. A chave do meu coração!
Frase do dia
"A ignorância não fica tão distante
da verdade quanto o preconceito."( Denis Diderot )
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